Trabalho realizado por:
Prof. Blair José Rosa
Filho
INTRODUÇÃO
Sabendo-se que a postura é uma resposta externa de nossos
sentimentos interiores e que uma postura incorreta traduz fadiga e tensão aos
ligamentos e músculos podendo resultar em dor e deformidades. Este trabalho visa
mostrar e esclarecer a biomecânica da coluna vertebral que é muito complexa, as
características principais da deformidade, suas formas de manifestação a
prevenção e correção postural.
BIOMECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL
A
mecânica vertebral é complexa. Todas as vértebras têm dimensões, formas e
localizações diferentes. Para cada espaço articular, cada movimento é a
resultante daqueles que acontecem numa soma de pequenas articulações
interdependentes: as dos processos articulares atrás de cada lado e corpos
vertebrais na frente. O eixo do movimento realizado é sempre a resultante
virtual daquele de cada uma delas.
Se, no plano anteroposterior, plano de
simetria, os movimentos da coluna normal podem ser analisados e conduzidos
bastante facilmente, o mesmo não acontece nos outros planos, lateral ou de
rotação, visto que a coluna vertebral raramente é vertical: ora ela se inclina
para a frente, ora para trás, e isto mais ou menos a cada espaço.
Várias
afirmações foram feitas:
- a posição da cifose de um segmento o bloqueia, a
posição de lordose o libera;
- toda inflexão lateral feita em cifose tende a
provocar uma rotação para o lado oposto.
Estas afirmações nos parecem dever
ter diferenças muito sensíveis. Certamente, a posição em cifose, colocando em
tensão todo o sistema ligamentar posterior, bloqueia os processos articulares,
estica o ligamento anterior e conduz igualmente a uma limitação do movimento.
Então parece que para ter o máximo de amplitude nas mobilizações sistemáticas é
preferível agir numa posição média de ereção: o sistema ligamentar é distendido
inteiramente por isso. A extensão axial limita as associações
dependentes.
Atualmente, atribui-se a manutenção das conexões das vértebras
entre si e a elevação geral da coluna ao sistema muscular curto, profundo das
goteiras vertebrais. O sistema muscular longo, superficial, por ter um papel
mais cinético, iria intervir também nessa manutenção em função das posições
gerais tomadas, pendentes nessa manutenção em função das posições gerais
tomadas, pendentes ou inclinadas e esforços apresentados.
Deve-se lembrar que
a coluna, sendo um mastro articulado, amarrado com cabos de todos os lados, no
tronco um sólido eminentemente deformável, toda a musculatura do tronco intervém
constantemente nas cineses, ao mesmo tempo para tornar rígido o conjunto em
função das posições e dos esforços a produzir e/ou para mobilizá-lo; fixação e
mobilização são constantemente associadas no decorrer do trabalho.
Os desvios
e as deformações patológicas vem complicar estes problemas e até transformá-los
completamente. Os ligamentos e os músculos se encolhem na cavidade. Não somente
este encurtamento se opõe à recolocação da curvatura, mas ele provoca a
assimetria das pressões sobre as epífises vertebrais, favorecendo as deformações
estruturais. Enquanto que as massas musculares da concavidade se encurtam e se
enfraquecem, as da convexidade se alongam e se reforçam. Assim, o desequilíbrio
das tensões se agrava sem cessar.
Considerando a localização do material
metálico e da artrodese, convém então, sempre, relatar o mais possível todos os
exercícios que mobilizam as cinturas e os membros. Existe assim a criação de
substitutos, aumentando as possibilidades articulares das extremidades
interessadas e adaptando as sinergias nos movimentos globais.
Com a aplicação
desses princípios:
- Os músculos paravertebrais serão solicitados pelos
exercícios tonificantes, estáticos em contração isométrica;
- Os músculos da
cintura escapular, mais particularmente aqueles que a unem aos membros
superiores, poderão ser mais solicitados em cinétrica, por movimentos amplos
desses membros no nível da articulação escápulo-umeral.
- Os membros
inferiores poderão ser solicitados, a partir da articulação coxo-femural, por
movimentos de amplitude que preparam para substitutos, na medida em que a região
lombar foi mais ou menos enrijecida pela intervenção. É indispensável dar uma
maior flexibilidade a todas as articulações dos membros
inferiores.
Gradativamente, os exercícios tornar-se-ão mais globais. Sua
execução, automaticamente, será cada vez mais natural.
CURVAS NORMAIS DA
COLUNA VERTEBRAL
Em vista posterior, a coluna normal é vertical. Este
alinhamento linear permanece quando o sujeito flete o tronco. De perfil a coluna
apresenta curvas fisiológicas anterior e posterior, que aumentam sua resistência
é compressão axial.
Ao nascer uma criança apresenta uma curva única, de
convexidade posterior; quando ela eleva a cabeça, a partir da posição prona, e
desenvolve a capacidade de sentar a coluna cervical toma-se convexa
anteriormente. Quando já consegue se manter em posição ereta e caminhar, as
vértebras lombares desenvolvem uma convexidade anterior, em parte ocasionada
pela tensão do músculo psoas. Aos dez anos mais ou menos as curvas fisiológicas
já são iguais as de um adulto, distribuindo-se da seguinte forma: cervical (
concavidade posterior), toráxica (convexidade posterior), lombar ( concavidade
posterior) e sacra (convexidade posterior).
Quando uma pessoa normal está em
pé e lentamente flete a cabeça, pescoço e tronco, a vista lateral dos processos
espinhosos revelam um desenvolvimento de uma convexidade posterior, sem áreas
achatadas ou angulações. A flexão lateral, observada posteriormente, também
produz curvas simétricas dos processos espinhosos. A falta de simetria, presença
de áreas retas ou angulações indicam hipo ou hipermobilidade das articulações ou
músculos. Embora estes desvios sejam anormais, podem ou não ser acompanhados de
dor ou disfunção.
CURVAS PATOLÓGICAS DA COLUNA
VERTEBRAL
CIFOSE
Aumento pronunciado da convexidade posterior da curva
torácica é referido como cifose A cifose senil refere-se ao dorso curvo rígido
do idoso, associado com o colapso dos discos intervertebrais, devido ao
deslocamento do núcleo pulpos.
LORDOSE
Um aumento excessivo em uma das
convexidades anteriores da coluna vertebral normal é conhecido como lordose
lombar ou lordose cervical. Uma lordose lombar pode ser atribuída a uma postura
incorreta, porém o fator determinante pode ser também uma contratura dos
flexores de quadril, ou outras patologias do sistema ósseo ou
neuromuscular.
ESCOLIOSE
A escoliose é um desvio lateral da coluna, que
pode ser funcional ou estrutural.
A curva funcional é flexível e tende a
desaparecer quando há uma inclinação para frente na posição de pé; já na curva
estrutural, as vértebras desviam-se lateralmente da linha média do corpo e ao
mesmo tempo, estão rodadas ao redor do eixo longitudinal. Na região torácica, as
costelas rodam com as vértebras, de modo que quando a pessoa inclina-se
anteriormente, pode-se então observar uma protuberância das costelas do lado da
convexidade da curva.
POSTURA
É a posição que o corpo assume no
espaço em função do equilíbrio de vértebras, discos, articulações e
músculos.
FUNÇÃO
A coluna vertebral é o centro do suporte do
organismo humano, possui três funções básicas, a saber:
1) sustentação do
organismo - desempenhado através dos ossos da coluna, (vértebras) e pelos discos
intervertebrais.
2) Movimento do corpo - desenvolvida pelas articulações
existentes entre a parte posterior das vértebras e principalmente pela
musculatura.
3) Proteção - a medula nervosa é um, prolongamento do cérebro e
assim sendo é uma parte nobre do sistema nervoso central, a coluna vertebral
protege, como se fosse uma caixa, a medula nervosa.
SUSTENTAÇÃO
Ao
analisarmos o homem na posição ereta sobre os dois pés, observamos que o eixo de
sustentação passa pela coluna vertebral. Em seu desenvolvimento e evolução na
escala animal, ao assumir a posição ereta o homem estava tomando uma posição
antigravitacional, pois tinha que fazer uma força maior para vencer a força da
gravidade. Isso só foi possível graças à coluna e aos músculos. A coluna teve
que se adaptar, e, ao invés de ser um tubo rígido adquiriu curvas de adaptação;
já os músculos se desenvolveram em várias camadas nas costas, permitindo assim a
posição vertical da coluna, (antigravitacional). A posição da cabeça só é
possível graças a estrutura óssea da coluna cervical e ao desenvolvimento dos
músculos adequados no pescoço.
MOVIMENTO DO CORPO
Toda posição que o
corpo adquire no espaço correspondente a um novo eixo de equilíbrio para que não
haja uma queda ao solo; desta forma cada movimento que realizamos obriga a
coluna (vértebras, discos e articulações) e os músculos a uma ação constantes de
equilíbrio.
POSTURA ESTÁTICA
É o equilíbrio do organismo do homem na
posição parada (em pé, sentado ou deitado) em situação que não cause nenhum dano
as estruturas anatômicas responsáveis por tal, e não produza dor quando essa
posição for mantida durante muito tempo.
Olhar no horizonte, ombros bem
distendidos, abdome não proeminente e os pés ligeiramente afastados entre si,
esta é a postura estática, em pé de um homem parado.
POSTURA
DINÂMICA
A coluna participa na realização de todos os movimentos de
deslocamento do corpo; logo denominamos postura dinâmica como sendo o equilíbrio
adequado na realização dos movimentos que devem ser executados sem dor.
Na
posição adequada de equilíbrio, as vértebras, os discos, as articulações e os
músculos, executam essa função com mínimo de desgaste.
ALTERAÇÕES DA
POSTURA
A postura da pessoa sentada passou a ser alterada ao longo dos anos
devido ao formato de cadeiras, mesas, posicionamento incorreto da estrutura no
espaço; o modo do indivíduo anda, variou devido ao uso de calçados,
principalmente nas mulheres devido ao uso de saltos altos. Ao repousar a postura
foi alterada por diversos tipos de colchões, e posições viciosas, que causam o
desgaste precoce das estruturas da coluna, principalmente o disco
cartilaginoso.
O FATOR PSÍQUICO ALTERANDO A POSTURA
A pessoa
deprimida anda cabisbaixa, com ombros arqueados, as pernas semifletidas, como se
estivesse carregando todo o peso do mundo em suas costas.
O otimista enfrenta
o mundo de frente, olhando as pessoas nos olhos, com disposição para resolver os
problemas. Foi observado que pessoas angustiadas, os neuróticos, deprimidos,
tensos, etc., têm uma tendência maior de apresentar dores na coluna, porque têm
uma postura viciosa, tanto para andar, como para trabalhar, ou sentar; em
resumo, o seu modo de viver geralmente esta sendo feito numa atitude mental
incorreta, que têm seus reflexos sobre o equilíbrio postural adequado que por si
só causam dor.
A IDADE COMO FATOR DE ALTERAÇÃO DA POSTURA
A idade é
um fator de desgaste natural para as estruturas; estas alterações estruturais
são muito nítidas e na maioria das vezes não causam dores acentuadas e, na
absoluta maioria das pessoas, a acomodação se faz naturalmente.
Na pessoa
idosa os movimentos são mais lentos e limitados e, por isso, o equilíbrio
postural é mais difícil, explicando assim tantas quedas. Já a partir dos 20 anos
de idade as articulações em geral e a coluna em particular começam a perder a
elasticidade e a maleabilidade. A dona de casa, o operário, o profissional
liberal, o trabalhador braçal, com o passar dos anos, apesar de terem melhores
conhecimentos nas suas áreas de trabalho, precisam adaptar-se a um ritmo onde
cuidados com a saúde física e a prevenção devem ser observados.
COLUNA
CERVICAL
A primeira curvatura lordótica aparece entre a sexta e oitava semana
de vida e é conseqüente do decúbito ventral da criança que estendendo o pescoço
começa o trabalho muscular formando a lordose cervical.
Pelo menos três
fatores vão influenciar a postura do adulto após ter assumido a postura ereta:
hereditariedade, doenças e hábito postural.
A postura é influenciada por
fatores hereditários onde pais e avós transmitem para o filho, exemplo: postura
cifótica dorsal grave, pescoço curto de touro. Estas anormalidades estruturais
que contribuem para a postura podem ser congênitas, hereditárias ou de
moléstias. Sem dúvida a mais insidiosa e difícil de mudar é o efeito das
emoções, hábitos e treinamento.
A postura é uma resposta externa de nossos
sentimentos interiores, pessoas fatigadas, deprimidas, assumem a postura: costas
curvadas para frente e ombros caídos, cabeça adiante do centro de gravidade em
posição excêntrica e forçada. Esta postura traduz fadiga e tensão aos ligamentos
e músculos resultando em dor.
Uma pessoa tensa, hipercinética é incapaz de
relaxar, não consegue aliviar a tensão muscular, isto mantém os músculos em
contradições isométricas.
A tensão tanto emocional como física, a de uma
atividade tediosa prolongada, irá afetar o pescoço mais do que qualquer outro
setor neuro-muscular esquelético. A "mialgia tensional" do pescoço é comum, traz
dor e incapacita para os movimentos.
As posturas consideradas "pobres"
aumentam a cifose dorsal, colocando a cabeça adiante e aumentando a lordose
cervical; levando a quadros de algias.
MOVIMENTO DO PESCOÇO
A
movimentação total do pescoço advém de uma composição de todos os movimentos
segmentares, onde todos se movem de forma sincronizada. Contudo a direção e o
grau do movimento varia nos diferentes níveis do segmento da coluna.
O
principal movimento em escala de amplitude ocorre na porção superior entre o
crânio e a terceira vértebra cervical; a flexão, extensão, lateralização e
rotação ocorrem entre o crânio e o atlas, e entre o atlas e o axis. Abaixo do
axis os movimentos dependem da elasticidade dos ligamentos e da distorção e
compressibilidade dos discos intervertebrais.
Movimento no plano
ante-posterior (flexão/extensão) ocorre entre occipital e atlas; a flexão tem
amplitude de 10º e a extensão 25º, podendo assim a cabeça se mover 35º sem a
participação do pescoço. Todos os movimentos entre crânio e o atlas são
impedidos pelas facetas articulares.
Laterização e rotação da cabeça e
pescoço, o occipital e atlas movem-se juntos.
O maior movimento da coluna
cervical ocorre entre o atlas e o axis que são capazes de produzir uma rotação
de 90º desde a extrema direita e a extrema esquerda.
Entre C2 e C7 ocorre os
movimentos de flexão e extensão, lateralização e rotação. Quando ocorre a
flexão, a porção anterior do disco se comprime e a posterior se alarga, o
inverso ocorre na extensão.
Na flexão anterior, o canal cervical se alonga e
na extensão ele se encurta; na rotação da cabeça quer seja para a direita ou
esquerda, o canal se estreita. Este estreitamento é causado mais pela dura-máter
do que pelo estreitamento ósseo. Os foramens se alargam na flexão do pescoço e
se estiram na extensão, e são influenciados pelos movimentos de flexão lateral e
rotação da cabeça; os foramens se fecham no lado da inclinação e rotação.
Em
uma coluna normal este estreitamento dos foramens não comprime qualquer tecido
contido nestes. Já em uma coluna anormal, onde as vértebras estão muito juntas
ou na qual o movimento é excessivo os foramens podem se tomar
apertados.
SUPORTE LIGAMENTAR
Os ligamentos da coluna cervical são
resistentes o bastante para controlar os movimentos, e ajudando no suporte dos
músculos do pescoço; têm uma frouxidão que permite uma grande amplitude de
movimento. Sua resistência é comprovada pela proteção à medula espinhal e aos
nervos espinhais contra as pressões e tensões aplicadas no pescoço.
Músculos
e ligamentos suportam o choque das tensões oriundas dos movimentos, mudanças de
posição e vários graus de traumas; quando os músculos estão sobrecarregados ou
fatigados, os ligamentos suportam sozinhos todas as tensões.
A estabilidade
da articulação atlanto-axial depende inteiramente dos ligamentos. O atlas
move-se ao redor do processo odontóide e esta preso ao processo pelo ligamento
transverso; que é tenso e resistente para manter o relacionamento normal do
atlas sobre o axis. O seu rompimento leva a complicações idênticas a uma fratura
do processo odontóide.
MÚSCULOS DO PESCOÇO
Estão divididos em dois
grupos funcionais:
1º) Os que flexionam e estendem a cabeça; e
2º) Os que
flexionam e estendem a coluna cervical.
Os flexores da cabeça são
principalmente o reto menor e o longo da cabeça; os extensores são quatro
pequenos músculos que vão da base do crânio até o axis e atlas (os retos
posteriores da cabeça, o menor e o maior da cabeça e os oblíquos da cabeça,
superior e inferior), e ainda músculos maiores (esplênio da cabeça e esplênio
cervical) que funcionam como rotadores individualmente e extensores que
trabalham de forma bilateral. Existem outros músculos continuações dos músculos
eretores da coluna vertebral que atuam no pescoço.
A musculatura principal do
pescoço do grupo extensor se localiza sobre a área atianto-axial (principal área
de atuação) e a maioria dos músculos flexora se localiza na quarta vértebra
cervical C4, maior área de tensão flexora.
DOR, COMO ACONTECE
Aumento
de pressão em um disco já degenerado ou lesionado causa dor, oriunda da pressão
intradiscal que cria uma protusão no material discal este entra em contato com o
ligamento longitudinal posterior que contém fibras dolorosas que se irritam com
este processo.
A raiz nervosa dentro do canal da coluna no seu curso através
do forâmen intervertebral é um tecido sensível a dor, e três são os locais
responsáveis pela geração de dor quando irritadas as raízes nervosas.
1º)
Fibras nervosas da bainha dural da raiz nervosa
2º) Envolvimento da raiz
dorsal (sensitiva)
3º) Fibras sensitivas da raiz motora.
O estiramento do
nervo e de sua bainha dural causam prejuízo a circulação vascular, a isquemia
leva a dor nervosa. A dor pode se originar do tecido muscular de várias formas.
A teoria de que a pressão na raiz nervosa causa espasmo muscular reflexo e que
leva a dor, prova a responsabilidade muscular do pescoço pela geração de dor
nesta região.
Contrações musculares constantes podem acumular catabólitos
dentro do músculo prejudicando a irritagação intrínseca, estes produtos finais
das contrações são irritantes e são fatores importantes na patogenia da dor nos
casos de tensão cervical. A contração muscular intensa exerce tração na junção
miofascial do periósteo, e a irritação da tração do periósteo provoca dor local
e hipersensibilidade. Também o estiramento passivo ou contração ativa do músculo
provoca dor; pequenas rupturas de fibras musculares ou elementos fibrosos do
interior dos músculos podem provocar dor.
DOR CERVICAL ORlGlNADA NAS
PARTES MOLES
A dor na região cervical se apresenta de diversas maneiras e tem
origem em muitos tecidos, e são produzidas por mecanismos diferentes. Pode-se
sentir dor no pescoço ou ser produzida neste com reflexos em outras
áreas.
Geralmente a dor não é sentida onde origina, as que têm origem no osso
(periósteo) ou na pele são sentidas na sua origem; porém quando se originam em
outras estruturas somáticas profundas sua distribuição e difusa e pode ser
sentida em pontos distantes.
A distensão dos tecidos periarticulares,
espessados e contraídos leva a dor quando do movimento do pescoço; a prova deste
fato é que quando estas estruturas capsulares e musculares são submetidas a
exercícios de relaxamento e alongamento há diminuição da dor.
DORES NOS
BRAÇOS E MÃOS
O nervo espinhal localizado entre as vértebras C6 e C7 poderá
produzir uma dor localizada no braço direito ou esquerdo (dependendo do lado em
que o orifício de conjugação estiver comprimido o nervo), também poderá refletir
dor para o dedo mínimo e médio; a dor corresponde a um distúrbio da
sensibilidade do nervo, que pode ser formigamento, adormecimento. Pode ocorrer
também uma perda de força, e isso corresponde a um distúrbio motor do
nervo.
DISFUNÇÃO LOMBAR OU ENTORSE LOMBOSSACRA
A sua fisiopatologia
se explica pelos desvios da atitude normal ereta, causando strains agudos
crônicos, em estruturas ligamentares e articulares "Lombar Strain", responsáveis
pelos quadros dolorosos. A grande maioria dos defeitos posturais pode acarretar:
exagero da lordose lombar, movimento exagerado da bacia, curvas de compensação,
contratura dos músculos paravertebrais e limitação dos movimentos da coluna
lombar. Algumas condições levam a estas distorções posturais; atitudes viciosas
habituais ou profissionais, permanência em pé prolongada, trabalho sedentário,
obesidade, abdome em pêndulo, visceroptose, pé vicioso, massas musculares
insuficientemente desenvolvidas.
Muitos pacientes com lombalgias são
agrupados nesta categoria, identificada simplesmente como Disfunção ou Distensão
Lombossacra. A causa é desconhecida, mas, provavelmente, algumas patologias
reversíveis possam apresentar sintomas semelhantes, tais sejam, subluxação das
facetas articulares, prolapso transitôrio do disco> laceração parcial de
ligamentos. Shestack, R. (1987). Obesidade: interfere negativamente na coluna: o
excesso de peso produz uma maior pressão sobre as estruturas envolvidas na dor,
quais sejam, os discos intervertebrais, os filetes nervosos as articulações
interapofisárias e os ligamentos intervertebrais. Por outro lado, a flacidez e a
distensão da parede abdominal são uma constante na obesidade, inpedindo um
suporte adequado para a coluna. Sabemos que uma parede tensa e musculosa diminui
a carga sobre os discos e corpos vertebrais, em 30% sobre a coluna lombar e 50%
sobre a charneira dorsolombar. Daí a importância da fraqueza abdominal na gênese
das lombalgias.
ESCOLIOSE
A palavra escoliose procede do grego
"curvatura da coluna". É definida como curvatura lateral da coluna vertebral,
que se caracteriza por profundas alterações estruturais, que vistas pelo lado
côncavo estarão representadas por uma diminuição do espaço intercostal, uma
estenose do canal vertebral, um desvio do processo espinhoso de sua linha de
simetria e uma projeção lateral e anterior das costelas. Do lado convexo, as
alterações são representadas por uma projeção do gradil costal posteriormente,
uma rotação do corpo vertebral, e um aumento do espaço interposta como
conseqúência da projeção posterior do gradil costal, surge o perfil dorsal
assimétrico, também chamado de Giba.
Pode-se definir também a escoliose como
uma deformidade da própria vértebra, que tem seus constituintes anatômicos
assimétricos, assim como uma posição relativa anormal das vértebras entre
si.
Segundo René Perdriolle, Escoliose é uma curva que se desenvolve no
espaço. É devida a um movimento de torção generalizado por toda a raque. Esse
movimento é produzido por uma perturbação localizada que origina uma ruptura do
equilíbrio raquidiano.
De acordo com Charriére, as escolioses tem certas
características importantes:
- o desvio é permanente: há sempre uma parte
mais ou menos importante de não-redutibilidade.
- as lesões anatômicas são
constantes: existe sempre alteração estrutural.
- a rotação vertebral é
sempre associada à inflexão lateral. Também, quando se constata gibosidade ou
saliência para-espinhal, pode-se afirmar quase infalivelmente que se trata de
escoliose.
CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLIOSES
- Escolioses não estruturadas:
causas reversíveis, sem rotação.
- postural - freqüente em adolescentes,
curvas leves, desaparecendo com a flexão anterior da coluna ou ao decúbito.
-
secundárias - diferente longitude dos MsIs, dor e espasmo muscular, lesão
dolorosa (inflamação e neoplasia).
- Escolioses estruturadas
transitoriamente.
- Escolioses estruturadas: curvas irreversíveis com rotação
dos corpos na região da curva principal.
- idiopáticas ou essenciais -
geralmente hereditárias, elas constituem a parte mais importante:
aproximadamente 70% do conjunto das escolioses. Segundo a idade, há 3 tipos:
infantil (antes dos 3 anos), juvenil (dos 3 aos 10 anos) e adolescente (de 10
até a maturidade).
- osteopáticas - congênitas, paralíticas, traumáticas,
metabólicas, tumor, infecção e doença reumatóide.
CLASSIFICAÇÃO DAS
CURVAS
Quanto a flexibilidade
- Hiperlasia: frouxidão ligamentar dos Msis,
ligamentos intervertebrais.
- Postural; diferença dos MsIs, desnível de
quadril e hábitos viciosos.
- Estruturais: com componente rotatório, vértebra
cuneiforme, gibosidade, hermitórax escoliótico, deformação dos discos e
diminuição da expansão torácica.
Quanto à morfologia
- Curva simples ou em
C
a) Cervical
b) Dorsal
c) Lombar
d) Dorsais típicas
e)
Totais
- Combinadas:
a) Cérvico-dorsal
b) Dorso lombar
- Com 2
curvas maiores:
a) Dorsal e lombar
b) Dupla dorsal
c) Dorsal mais dorso
lombar
TRATAMENTO FISIOTERÁPICO
No que se diz respeito ao tratamento
fisioterápico tem-se uma série de informações importantes de ordem radiográfica
e clínica que permite avaliar a gravidade do caso, e a partir dai, traçar-se
três esquemas de tratamento:
- o tratamento livre apenas por reeducação para
as escolioses ditas "leves" (até 30º).
- o tratamento ortopédico associado à
fisioterapia nas escolioses moderadas (30 a 50º).
- o tratamento cirúrgico
associado à fisioterapia nos casos mais graves (acima de 50º)
Objetivos do
Tratamento:
- Reeducação postural.
- Exercícios de conscientização da
postura correta.
- Alongamento
- Fortalecimento
- Eliminação da
causa
- Prevenir evolução
TRATAMENTO APENAS POR REEDUCAÇÃO
>
Exercícios posturais corretores:
- paciente em pé diante do espelho
ortopédico com a ajuda visual permanente:
a) extensão axial equilibrada
b)
Colocação da bacia
c) Correção dos triângulos do tórax em nível lombar
d)
Correção dos mesmos triângulos em nível das axilas
- em pé: conservando todas
as correções, elevar-se na ponta dos pés, voltar os calcanhares ao chão.
-
caminhada diante do espelho, com peso leve na cabeça.
- oscilações lentas da
bacia em todos os planos, para chegar ao "corpo centrado", bacia colocada
corretamente e todas as posturas mantidas.
- posições deitadas, abdominais,
primeiramente a fim de ver as costas do paciente na medida em que não existe
problema antero-posterior importante.
- posição sentada: em cadeira,
geralmente, para evitar a flexão lombar no sentido da cifose e para se colocar
em condições de utilização funcional desta posição cada vez mais comum. De
frente para o espelho, os olhos abertos, depois fechados, o paciente realiza
suas correções, sucessivamente primeiro, depois associadas.
> Exercícios
ativos:
- em decúbito ventral: estiramentos praticados em escoliose o mais
corrigido possível, corpo centrado:
a) braços ao longo do corpo, com
deslizamentos alternados ou simultâneos das mãos no chão.
b) braços em
candelabro, com estiramento alternado ou simultâneo das mãos no chão.
-
exercícios Klapp em deambulação: o deslocamento se efetiva sobre um círculo,
quando os exercícios no mesmo lugar estiverem perfeitamente aprendidos.
- em
suspensão: passar da suspensão passiva à ativa, com todas as correções:
a) Em
suspensão sobre prancha mais ou menos inclinada com referência à
horizontal.
b) Em suspensão de frente vertical.
- manutenção do tronco nas
posições inclinadas:
a) Exercícios de fixação escapular (sem ou com
halteres).
b) Com uma inclinação dada ao tronco, manter utilizando "carga
máxima de correção".
- caminhadas diversas com pesos: normal, ponta dos pés,
com parada para losango ou para leve inclinação para a frente.
- exercícios
de equilíbrio:
a) Equilíbrio sobre um pé (sem perder correções).
b)
Caminhada sobre um risco traçado no chão.
c) Caminhada sobre viga.
d)
Abaixamento dos ombros.
e) Em D.D., fazer movimento de báscula com a bacia,
insistindo na retroversão.
f) Em D.V.: mesmos tipos de exercícios.
-
exercícios respiratórios:
a) Exercício modelador para prevenir o dorso plano:
sentado em uma cadeira, inspirar profundamente curvando as costas; manter-se
possível, alguns segundos em apinéia e relaxar soprando forte.
b)
Espirometria e espiroscopia sistemáticas.
- musculação:
a) Abdominal:
decúbito dorsal, braços ao longo do corpo mantendo o estiramento axial ativo,
lombos colados no chão e membros inferiores estendidos a 80º: afastamentos
laterais, tesouras, oscilações lentas dos membros inferiores esticados e
juntos.
b) Retrovertebral: decúbito ventral no chão ou em extremidade de
banco: elevar levemente os dois membros inferiores, afastamentos dos membros
inferiores ao nível do chão.
É muito importante ressaltar que o êxito deste
tipo de tratamento depende muito da adesão do paciente, de sua participação
motivada, ativa e perseverante ao longo do tratamento. E preciso relevar a
importância do papel psicopedagógico de todas as equipes que acompanham o
paciente: centro especializado e principalmente fisioterapeuta local.
>
Exercícios abdominais:
- deitado de costas, corpo centrado, membros
inferiores fletidos, pés no chão, todas as correções posturais mantidas nos três
planos: Flexão das duas coxas sobre o abdome e retorno.
- deitado em decúbito
dorsal, com os dois membros inferiores estendidos entre 40º e 90º do solo de
acordo com a lombar:
a) Afastamento dos membros inferiores.
b) Tesouras
dos membros inferiores.
- sentado em banco, tronco vertical mantido corrigido
nos três planos, pés presos: inclinar o tronco para trás, e volta, girando
levemente sobre os ísquios. Observar o comportamento lombar.
- decúbito
lateral esquerdo, correção dorsal reforçada, mão segurando o degrau da barra
sueca, bacia levemente girada para trás: levantar ligeiramente os dois membros
inferiores acentuando ainda as correções lombares e tesouras horizontais dos
membros inferiores.
É necessário que certos conselhos importantes sejam dados
aos pacientes, tais como:
- evitar os esforços violentos ou prolongados.
-
se períodos de repouso são prescritos durante o dia, considerá-los como posição
de correção.
- pensar em suas correções na vida corriqueira.
- manter um
equilíbrio entre atividade física e repouso.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
O
tratamento cirúrgico é reservado para as escolioses de mais de 45 - 50º.
Na
intervenção cirúrgica a fisioterapia mantém sua grande importância. Ela atua
sempre para preparar a intervenção, para assegurar as seqüências, trazer de
forma útil os complementos reeducativos e de reabilitação.
De acordo com a
importância do desvio das escolioses possíveis de cirurgia, pode-se classificar
essas escolioses em:
- escolioses moderadas - 45º - 50º a 80º - 100º
-
escolioses severas - 40º - l00º a l20º - l50º
- escolioses muito graves -
150º - 200º
FISIOTERAPIA NA FASE PRÉ-OPERATÓRIA
Conforme os casos, os
tratamentos pré-operatórios empregam exercícios progressivos diferentes. Pode-se
esquematizar da seguinte forma:
- fisioterapia com base amaciadora;
-
alongamentos vertebrais;
- fisioterapia respiratória para aumentar a
capacidade vital;
- cinesioterapia para preparação muscular.
Nesta fase,
mobilizações passivas ou ativo-passivas tendem a amaciar sistematicamente, sem
insistir sobre a estrita localização das curvaturas. Alongamentos, flexões,
extensões, inclinações laterais, rotações são feitas no inicio com posições
deitadas, de quatro, sentadas ou mesmo em suspensão. Elas permitem mobilizar em
todos os planos, insistindo nas zonas de rigidez e na modelagem das
gibosidades.
A respiração é educada a fim de que, nas seqüências imediatas da
intervenção, o operado possa praticar corretamente seus exercícios de ventilação
e de repouso:
- estudo dos tempos respiratórios, busca de amplitude;
-
respiração abdominal, para evitar as reações dolorosas no nível da artrodese
dorsal.
FISIOTERAPIA NA FASE DE PÓS-OPERATÓRIO
A fisioterapia é
primeiramente respiratória e modeladora.
O trabalho respiratório em todas as
suas formas é ainda útil pelo fato mesmo das opressões torácicas inerentes ao
gesso. A recuperação da capacidade vital, cortada pela intervenção, tinha sido
estimulada durante a fase de enfermagem; ela será prosseguida durante todo o
período de contenção; e também, sobretudo, posteriormente.
A fisioterapia
visa ainda à recuperação progressiva, primeiro em busca específica ao nível da
coluna: oxigenação, marchas com auto-alongamento, exercícios de ginástica em
decúbito tendo sobretudo um efeito psicológico.
Progressivamente, a
fisioterapia melhora as reações posturais, propõe uma musculação simétrica e
efeitos funcionais adaptados.
A musculatura de apoio é tomificada com
contração isométrica rigorosa:
- exercícios abdominais estáticos em decúbito
dorsal, a angulação dos membros inferiores, com relação á horizontal, é
escolhida e mantida para que a zona artrodesada não sofra nenhum efeito de
cisalhamento.
- exercícios de tomificação retrovertebral muito
progressivos.
- exercícios de marchas.
Nenhum exercício busca mobilizar a
região operada. Deu-se evitar as sobrecargas e os maltratos das interlinhas
vertebrais que ficaram livres.
TRATAMENTO ORTOPÉDICO ASSOCIADO À
FISIOTERAPIA
Esse tratamento associa a fisioterapia à órtese. A fisioterapia
garante a necessária manutenção fisiológica geral do paciente.
A fisioterapia
participa do tratamento corretor com seus exercícios próprios e permite a
rigorosa vigilância da órtese.
Os tratamentos ortopédicos mais praticados
atualmente de acordo com os tipos de órtese usadas são:
- os tratamentos
ortopédicos ditos lioneses, por gessos corretores e colete.
- os tratamentos
por colete de Milwaukee, órtese a qual pode-se associar o colete de Boston.
A
escolha terapêutica é feita em função da idade do paciente e da gravidade da
escoliose.
A fisioterapia no uso da órtese tem como objetivos:
-
exercícios corretores.
- tomada de consciência do corpo e imagem
corporal.
- conservar flexibilidade da coluna.
- evitar enfraquecimento
muscular.
- alongamentos.
Alguns exemplos de exercícios:
-
auto-alongamentos:
a) Em decúbito dorsal, braço ao longo do corpo: tração
axial ativa cérvico dorsal.
b) Em decúbito dorsal, mãos colocadas sobre a
haste anterior: mesmo exercício anterior com uma ligeira tração.
FUNÇÕES
CARDIOPULMONARES
Elas são tanto mais perturbadas quanto mais grave for a
escoliose, e conseqüentes deformações torácicas. Os pulmões são reduzidos e
tanto mais abaixados quanto a rigidez torácica limita sua expansão. O pulmão da
concavidade respira ainda pior que o da convexidade. O movimento diafragmático,
como o dos outros músculos respiratórios é perturbado. Assim, o escoliótico com
curvatura de ângulo grande pode tornar-se um deficiente respiratório profundo
com prognóstico de vida reservado.
A insuficiência respiratória se instala
progressivamente: dispnéia de esforço ou bronquiopatias. Nos casos graves, o
coração é afastado pela opressão que a retração e a esclerose pulmonar trazem
para a pequena circulação (síndrome coração-pulmão).
COMPLICAÇÕES
TARDIAS
Para o adulto, além de quadro evolutivo da doença, elas são também de
ordem artrósica. Elas se traduzem por algias da coluna, dores de origem
articular e de origem radicular, por irritação do tronco do nervo espinhal no
canal invertebral estreitado.
Em compensação, no paciente jovem, os fenômenos
dolorosos são muito raros. Mas, pouco a pouco os discos perdem sua elasticidade.
Por outro lado, as pressões desiguais sofridas por cada metade lateral dos
corpos vertebrais perturbam seu crescimento: retardando o lado côncavo, ponto de
pressão máxima, crescimento normal ou mesmo aceleração do lado convexo, ponto de
pressão mínima.
Assim, o tecido ósseo reage. Ele torna-se mais denso para
resistir aos excessos de pressão (lado côncavo) e calcificações podem aparecer
nos ligamentos, espécies de tirantes que sustentam a coluna dobrada. Do lado
convexo, ao contrário, os corpos vertebrais não têm mais, ou quase, o papel de
apoio e se descalcificam.
CONCLUSÃO
Conclui-se então que a reeducação
da postura em situação que não cause nenhum dano as estruturas. A posição
adequada de equilíbrio pode evitar deformidades importantes e que pode Ter uma
evolução significativa e deve ter um acompanhamento periódico e um tratamento
adequado.
Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
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